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Deixem o Indie em Paz

Road to the Oscars #10: O Jogo da Imitação

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Considerado por muitos um bocejo de filme, este O Jogo da Imitação foi um dos meus filmes preferidos nesta maratona dos óscares e a verdade é que acabou por receber o óscar para melhor argumento adaptado.

É importante ter em conta que tenho um fascínio especial pela matemática, encriptação e computação, pelo que este filme é tudo menos aborrecido para mim, é maravilhoso e inspirador e empolgante. O livro Logicomix também já me havia relatado parte da história que constitui este filme, deixando-me com curiosidade de o ver. Alan Turing, apesar da sua arrogância, é genial e persistente, recusa-se a trabalhar com pessoas medíocres, pois sabia que estas iriam atrasar o seu projecto, Christopher, uma máquina capaz de decifrar a impossível Enigma, máquina utilizada pelos alemães na Segunda Guerra Mundial para codificar as suas mensagens, podendo assim planear ataques sem que os seus opositores percebessem o teor das mesmas.

Alan Turing é o pai da computação e, se hoje escrevemos posts nos nossos computadores, bem lhe podemos agradecer, além disso, estima-se que Turing tenha poupado em dois anos a duração da Segunda Grande Guerra e a vida de 14 milhões de pessoas. Pena que o seu reconhecimento por parte de Inglaterra e do mundo tenha vindo já tão tarde, se é que algum dia lhe vamos agradecer o suficiente.

 

Road to the Oscars #9: O Meu Nome é Alice

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Este filme relata-nos a vida de uma mulher de cinquenta anos, Alice, a quem é diagnosticado um tipo raro de Alzheimer, familiar, hereditário. Quem possui o gene tem 50% de hipóteses de o passar aos filhos e, caso o passe, estes têm 100% de hipóteses de desenvolver este tipo de Alzheimer, que é mais precoce do que aquele a que estamos habituados a ouvir falar. Receber uma notícia destas aos cinquenta anos é um golpe muito forte, quer para o doente, quer para a família, até porque as perdas de memória começam a partir daí, e Julianne Moore interpretou-o bastante bem, o filme é dela, assim como aconteceu com Eddie Redmayne, em A Teoria de Tudo, embora considere a interpretação deste segundo melhor.

A desorientação, a alienação e o esquecimento são algo que por si só nos assusta, mas quando o vemos na pele de outra pessoa ficamos sem chão. E se formos nós a perder as nossas memórias, a deixarmos de reconhecer os nossos filhos, a fazer perguntas sem nexo a quem nos rodeia, a esquecermo-nos onde fica a casa de banho da nossa própria casa? O momento mais emocionante deste filme é o discurso que Alice faz num encontro sobre Alzheimer. Julianne Moore mereceu, decididamente, o óscar de melhor actriz principal, apesar de não ter visto os desempenhos das restantes actrizes, à excepção de Felicity Jones, em A Teoria de Tudo. O único ponto negativo que vejo neste filme é o facto de este relato ser feito no seio de uma família com uma excelente qualidade de vida e que pôde suportar os mais variados custos que uma doença deste género pode acarretar, estadias numa casa de Verão, etc. Apesar de ser uma situação difícil e uma doença incurável, não deixa de estar um tanto ou quanto facilitada no meio em que foi inserida.

Road to the Oscars #8: Selma

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Selma passa-se numa época conturbada da história do povo afro-americano, marcada pela luta pelos seus direitos, neste filme, particularmente, pela luta ao direito ao voto. O filme, como seria de esperar, gira em volta de Martin Luther King, mostrando-nos parte do seu caminho nesta luta, fazendo para isso frente ao presidente Lyndon B. Johnson e o governador do Alabama, George Wallace. Para além da luta de Luther King, Selma mostra-nos também o seu lado mais pessoal, essencialmente, através da relação de King com a mulher Coretta.

O nome deste filme tem origem no Movimento que se formou devido à constante perseguição aos afro-americanos, sobretudo no sul dos Estados Unidos, tendo estes decidido fazer uma marcha de Selma a Montgomery, um percurso de 85 quilómetros, em torno da qual se gera uma grande polémica, uma vez que a primeira marcha terminou, ainda na ponte que marca o final de Selma (Ponte Edmund Pettus), num brutal ataque dos policiais aos marchantes, transmitido em directo pelas televisões e que levou pessoas de todo o país, brancos inclusive, a viajarem até Selma, para participarem numa nova marcha.

À primeira vista, a posição do presidente Johnson é algo desligada do problema, defendendo-se ao argumentar que tem outros assuntos prioritários para tratar, não querendo ser controverso, mas, mais tarde, dada a sucessão de graves acontecimentos, acaba por reconsiderar e fazer frente àqueles que o aconselhavam a ignorar e silenciar de uma vez por todas o assunto, e acaba por se redimir ao tomar a atitude correcta, ao contrário de Wallace. Selma é um daqueles filmes que devemos ver, mais que não seja para nunca nos esquecermos que estes lamentáveis acontecimentos são verídicos e não aconteceram assim há tanto tempo como parece. Fica, provavelmente, a faltar a nomeação de David Oyelowo para o óscar de melhor actor, embora não o considere brilhante.

Resumo do fim-de-semana

Depois de ter visto quatro filmes este fim-de-semana, antes do início da cerimónia dos Óscares, que não assisti mas que deixei a gravar e espero ver em breve, há que voltar ao mundo dos livros, já que o Mataram a Cotovia ficou em modo pausa, mas quero muito voltar a pegar-lhe.

Apesar de não ter lido, consegui a proeza de comprar três livros neste fim-de-semana e ainda deixei outro encomendado. Não pares de comprar livros, não, Madalena, que qualquer dia morres e ainda não leste nem meia estante.

 

Road to the Oscars #7: Sniper Americano

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Ora bem, a vontade de ver este filme não era muita, já que não sou particularmente fã deste género de filmes. Apesar disso, não desgostei de todo, há algumas partes interessantes e intensas neste filme que não nos deixam indiferentes. Gostei mais da segunda metade do filme, a primeira achei deveras aborrecida e quase me fez desistir.

A obsessão de Chris pela protecção da pátria (e o seu amor por ela) mais do que qualquer coisa no mundo, inclusive a família, é algo que tenho sempre alguma dificuldade em aceitar. Isto distanciou-me um pouco do filme, principalmente no início (aconteceu-me o mesmo com o Whiplash), no entanto, é-nos dada também a imagem de um Chris Kyle com um lado humano, por exemplo, quando espera que o miúdo largue a arma para não o ter de matar, ou quando regressa aos Estados Unidos e se nota que ainda vive no Iraque, apesar de estar sentado no sofá da sua sala. A interpretação de Bradley Cooper é muito boa e mereceu sem dúvida a nomeação para o óscar de melhor actor. O final do filme é abrupto e triste, e as imagens finais (reais) são arrepiantes.