Birdman retrata um actor de cinema que ficou famoso por interpretar um super-herói (Birdman) e que agora tenta recuperar a sua carreira (parada há 20 anos) através da produção, encenação e protagonização de uma peça de teatro na Broadway. A escolha do protagonista deste filme parece não ter sido feita ao acaso (bem como muitos outros aspectos do filme, diga-se), já que Michael Keaton interpretou Batman pela última vez em 1992 e, desde então, a sua carreira não tem sido propriamente famosa.
Este filme tem a particularidade de nos fazer crer que foi gravado sem cortes (estes são muito pouco visíveis ao espectador), aproximando-o ainda mais a uma peça de teatro, e conta com as excelentes participações de Edward Norton, Emma Stone e, claro, Michael Keaton.
Esta comédia negra é, até agora, a minha candidata preferida ao óscar de melhor filme, quer pela qualidade do argumento, dos actores, do realizador e do director de fotografia, como pelas discussões que levanta. Edward Norton deve ganhar o óscar de melhor actor secundário, mas em relação à Emma (nomeada para melhor actriz secundária) ainda não sei bem. Continuo a preferir Eddie Redmayne para melhor actor (A Teoria de Tudo), mas se o Keaton ganhar também não fico chateada.
Ou, o filme que me fez chorar baba e ranho durante laaaargos minutos, coisa extremamente rara em mim, diga-se.
Como é sabido, o filme é sobre a relação do famoso cientista Stephen Hawking, portador de esclerose lateral amiotrófica, e da sua mulher Jane, desde que se conheceram até este a ter deixado e ido viver para os Estados Unidos. Eddie Redmayne é soberbo neste papel e merece, sem qualquer dúvida, o óscar de melhor actor, pois através deste torna-se deveras angustiante ver a transformação de Stephen, a sua crescente incapacidade e dependência dos outros, a sua postura, a sua fala, e a sua força de vontade em continuar a procurar pela equação que explicará tudo. Toda a sua interpretação é perfeita e em sintonia com o desempenho de Felicity Jones, que facilmente nos põe a pensar como seria se estivéssemos no lugar dela.
Não acredito que vença o óscar de melhor filme, mas é, definitivamente, um filme que deve ser visto por todos, mas, de preferência, sem chorarem tanto como eu.
Boyhood retrata o crescimento de Mason ao longo de doze anos e tem a particularidade de ter sido gravado ao longo desses mesmos doze anos, permitindo-nos assim assistir ao seu crescimento em estado puro, sem manipulações cinematográficas (julgo eu). Mason e a irmã, Samantha, vivem com a mãe e passam, geralmente, os fins-de-semana e as férias com o pai. A mãe de Mason e Sam tem uma vida bastante atribulada durante estes doze anos, ao longo dos quais tem dois maridos problemáticos e luta diariamente para garantir que ela e os filhos tenham tudo o que precisam, estudando e trabalhando ao mesmo tempo, enquanto o pai destes leva uma vida mais descontraída, acabando por casar-se e ter um filho.
Na minha opinião, o filme em si não vale pela história (comum e cheia de clichés), mas sim pela experiência que é ver a evolução de uma família ao longo de 12 anos. O momento da graduação e ida de Mason para a faculdade é, provavelmente, a melhor parte do filme, pois a mãe deste questiona-se se a vida dela foi só aquilo, tomar conta dos filhos e mandá-los para a faculdade, ficando agora sozinha, ressentida pela felicidade do filho em ir-se embora.
Tenho um certo receio que este filme seja o vencedor do óscar de melhor filme pela originalidade, sem que seja tido em conta o argumento.
Grand Budapest Hotel relata as aventuras de Gustave H, concierge do GBH, e de Zero Moustafa, lobby boy, que se tornou grande amigo de Gustave, na época que separou as duas grandes guerras.
A morte de Madame D., hóspede frequente do GBH e com a qual Gustave H mantinha um relacionamento muito próximo (o tipo de relacionamento que Gustave mantinha com as mulheres que frequentavam o Grand Budapest Hotel fazia parte da sua imagem de marca como lendário concierge), e consequente leitura do seu testamento, no qual esta deixa uma peça de arte renascentista de valor inestimável a Gustave, para espanto dos seus familiares, dão origem à trama deste filme.
Para além do reconhecimento que este presta a Stefan Zweig, Wes Anderson presenteia-nos com enquadramentos perfeitamente simétricos ao longo de todo o filme (sem excepção), razões mais do que suficientes para que este filme seja merecedor da nossa atenção, bem como a escrita de Zweig, a ler num futuro próximo.