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Deixem o Indie em Paz

I'm feeling love made of gold

Uma pausa na pausa deste blogue para dizer que Gold do Chet Faker é uma música espectacularmente magnífica (e assim poderia continuar a encher esta frase de adjectivos sinónimos aos que referi anteriormente, embriagando-vos com prosa, como o senhor me entontece com esta sua música). Sim, já sei que estamos no final de 2016 e este álbum é de 2014.

You have no right to be depressed

Sempre que passo por períodos de escassez de escrita, tenho vontade de voltar a criar um blogue, outro nome, outra identidade. Desta vez seria qualquer coisa como "You have no right to be depressed" (Fill In The Blanck dos Car Seat Headrest) ou "Nunca esquecer que a mocidade para nós chegou ao fim" (Alvalade Espera Por Mim, dos Capitão Fausto). Nesta minha pausa por aqui, os acontecimentos mais relevantes da minha vida foram ir a Londres, descobrir que tenho colesterol e que é possível ser obesa pesando 59kg (percentagem de massa gorda lá no alto), e fazer 26 anos (daí o fim da mocidade, caramba, os vinte e seis já pesam). Gostava de ter tomates (metaforicamente, calma) para me despedir e passar uns tempos a tentar arranjar outro trabalho, enquanto aproveito a vida para ler, ir ao ginásio e comer de forma saudável. Não sou capaz. O medo de falhar e gastar todas as minhas poupanças paraliza-me. Muitas vezes no caminho casa-trabalho-ginásio-casa tenho grandes ideias para textos, uns mais pessoais do que outros, mas nunca chego à concretização. Gostava tanto de ter um caderninho mental que funcionasse em condições, mas o meu tende para o esquecimento, o gene para o Alzheimer deve estar a ficar activo, o que até faz sentido já que sou obesa e isso dá-nos cabo dos genes e envelhece-nos e cansa-nos e essas cenas que vocês estão fartos de ouvir. Gostava de me tornar vegetariana, mas não sou capaz de deixar de comer uma carninha de vez em quando, os meus ovos estrelados (carregadinhos de colesterol), muito menos sushi semana sim, semana não. Mas dizia eu que tenho tido grandes (só um bocadinho) ideias para textos, embora isso só aconteça quando estou a conduzir. São tristes, geralmente. Deve ser por isso que me esqueço deles. Gostava de criar um novo blogue, mas ao mesmo tempo falta-me a paciência. Não quero pensar em templates nem em obrigações para escrever, comentar, responder a comentários. Até os blogues da moda me têm fartado. Não tenho vontade de ir descobrir novos. Tenho lido (19 livros este ano), embora menos do que gostaria. Controlei-me bastante na Feira do Livro de Lisboa e no resto do ano em geral, assusta-me a quantidade de livros que ainda tenho por ler. Muitas vezes penso que vou morrer nova e que vou deixar tantos livros comprados por ler. Não pode ser. Ah, também tentei tornar-me budista ou, pelo menos, compreender um pouco mais sobre o assunto, porque achei a ideia bastante interessante, mas o livro que tenho na mesa de cabeceira tem sido lido muito devagar e prática zero. Não está esquecido, mas está adormecido. Gostava muito de meditar e acalmar o cérebro, mas geralmente quando páro, tenho mais tendência para pensar em porcarias do que esvaziar a mente. Não seria uma boa budista, tenho quase a certeza. 

Sobre as primeiras leituras de 2016...

No dia 1 de Janeiro, comecei a ler Dom Quixote e percebi logo que não iria ser tarefa fácil. Não que seja complexo, simplesmente, não o consigo ler com a minha cadência habitual de leitura, o que irá sem dúvida arrastar esta experiência mais tempo do que esperava. Não é um livro para ler numa semana (a menos que não se faça mais nada durante essa semana e se respire e expire Dom Quixote), mas duvido que o consiga ler num mês. Uns dias depois peguei no Maus, de Art Spiegelman, que devorei num instante. Apesar dos erros de sintaxe/gramaticais (ainda que propositados), coisa que me mexe tremendamente com os nervos, consegui ver a beleza deste livro (li a edição com os dois volumes) e foi um dos livros sobre o Holocausto que mais me emocionou. Logo a seguir a Maus, comecei a ler os Contos Exemplares, de Sophia de Mello Breyner Andresen, para o meu projecto Leia Mulheres de 2016. Tem contos maravilhosos e foi impossível não relembrar O Rapaz de Bronze e A Fada Oriana, lidos há tantos anos. A escrita de Sophia é tão elegante, cuidada e tão sua, que seria impossível não adivinhar que estava a ler um livro seu, se estes Contos Exemplares me fossem dados a ler sem que me dissessem o seu autor. Ainda bem que voltei a ler Sophia de Mello Breyner Andresen.

 

Identidade

Se mostras quem és (nome, cara, etc.), toda a gente passa a saber das tuas opiniões, dos teus quereres, entre outras coisas, e tens de ter mais cuidado com o que dizes, porque quase de certeza que alguém tu conheces te lê e te pode vir a chatear por este ou aquele assunto.

Se não mostras quem és, não podes expôr demasiado de ti, sob pena de alguém que te conhece te reconhecer pelo que estás a ler, pela tua escrita, por uma situação caricata qualquer sobre a qual escreveste, e voltamos ao "Se mostras quem és".

Claro que podes não querer saber se alguém que tu conheces te lê ou descobre quem tu és pelo que escreves, mas, esta aqui, salvo muito raras excepções, não quer que praticamente ninguém que a conheça leia aquilo que escreve, nem saiba o que pensa ou sente. Ainda assim, gosto de ser lida, de trocar opiniões e de, por vezes, mostrar algo que me identifique claramente. Parece-me impossível conciliar o melhor de dois mundos e esta é uma das razões pela qual os meus blogues têm ficado de lado nos últimos tempos.

 

Tempo médio de vida dos meus blogues

Este blogue faz hoje um ano e parece-me que o seu fim está próximo. Não tenho muito tempo nem inspiração para o alimentar. Gostava de incluí-lo numa resolução para 2016, mas não está fácil. Quando não estou com preguiça para escrever, só me lembro de escrever sobre situações/pessoas que me irritam (sobretudo aqui no mundo dos blogues) e desisto logo. Não estou para isso. Talvez um dia crie um hate-blog para ver se me lembro de coisas mais interessantes para escrever.